Brasil, o novo hotspot para o empreendedorismo

Brasil, hotspot do empreendedorismo
Por: Manoel Lemos*
Esse texto foi traduzido do inglês. Leia a versão original aqui.

A possibilidade de resolver grandes problemas para um grande número de pessoas é uma oportunidade que atrai tanto empresários quanto investidores. Está acontecendo uma grande explosão no empreendedorismo de tecnologia em saúde no Brasil – as healthtechs.

 

O país mostra-se um prato cheio para empreendedores e investidores. Mais de 10 milhões de pessoas são impactadas pela enorme desigualdade no acesso a serviços de saúde. Também há problemas sérios com a qualidade dos serviços de saúde, os custos e ineficiência em todos os lados.

O setor é marcado por contrastes: somos o sétimo maior mercado de saúde do mundo. Mais de 42 bilhões são gastos anualmente com cuidados particulares. Porém, com mais de 18 bilhões em desperdícios graças a ineficiência e com custos dobrando no país nos últimos cinco anos. Nesse contexto, surgem as startups. Segundo um estudo recente feito pela Liga Ventures, há mais de 250 startups voltadas para o setor de saúde no Brasil. Sendo essa  uma das cinco vertentes de destaque no Cubo do Itaú, um dos maiores centros de empreendedorismo do mundo localizado na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo.

Ano passado, healthtech tiveram o segundo crescimento mais rápido na América Latina, de acordo com o Inside Latin America’s Breakout Year in Tech, publicado pela LAVCA. Houve um aumento de 250 % no número de tecnologias em saúde quando comparado a 2016. Em 2017, um dos maiores acordos de capital de risco se encontrava em um investimento de 50 milhões de dólares no Dr. Consulta, uma rede de clínicas no Brasil oferecendo recursos de saúde de qualidade com preços acessíveis.

O setor de saúde é um mercado complexo que conecta pessoas, processos e produtos entre pacientes, intermediários, provedores de cuidados, distribuidores e fornecedores. Com base nisso, e nas inovações de tecnologia no Brasil que estão mostrando maior impacto, aqui estão algumas categorias-chave e players trazendo novos modelos de negócios para o mercado.

Cuidados sob demanda

Aproximadamente 75% da população brasileira ( mais ou menos 150 milhões de pessoas) tem acesso apenas ao sistema público de saúde, que é mal administrado e ineficiente. Na maioria das vezes, para marcar apenas uma consulta ou exame, o paciente precisa esperar semanas, ou até meses, para conseguir. Assim, as startups em saúde estão surgindo para oferecer melhor e mais eficiente acesso à saúde, para uma população grande e que está envelhecendo. O que ilustra isso é o Dr. Consulta já citado no texto.

Telessaúde e aplicativos de saúde

Para ajudar a fazer recomendações, diagnósticos e monitoramentos mais acessíveis, os serviços de telessaúde no Brasil estão se expandindo. A telessaúde pode fornecer uma variedade de serviços que incluem: exames e consulta médicas; análises de exames de imagem: parecer médico; entre outros.

Os aplicativos de saúde vêm ganhando popularidade no Brasil, parte graças ao grande número de usuários de internet, parte pela grande escala de pacientes de doenças crônicas como hipertensão e diabetes. Esses apps podem desde ajudar pessoas a se alimentar de modo saudável e auxiliar na prática de exercícios até a controlar problemas emocionais como ansiedade e stresse.

Inteligência artificial e análise de dados

Assim como em muitas indústrias, a Inteligência Artificial e a análise de dados estão transformando a saúde no Brasil, aumentando a velocidade no diagnóstico de pacientes e administrando os custos em saúde. Por exemplo, o uso de machine learning ajuda no processamento e entendimento dos dados de milhões de pacientes para encontrar melhores tratamentos e alternativas para eles. Com isso, mortes são evitadas, assim como o uso desnecessário de recursos.

Histórico médico eletrônico

No ano passado, o governo brasileiro lançou um projeto para modernizar o histórico de mais de 42 mil pacientes de clínicas públicas no país até o final de 2018. Estima-se que essa digitalização dos históricos gerará recursos de até 6,8 bilhões de dólares, de acordo com o The World Bank. Porém essa é uma questão que merece bastante atenção. No final do ano passado, apenas 30 milhões de brasileiros ( de 208 milhões) tinham os históricos médicos eletrônicos, e quase dois terços das clínicas familiares no Brasil não tinham nenhum forma de guardar os históricos digitais dos pacientes.

Prescrições digitais

Outra grande questão trazida pela falta de processos digitais na saúde ocorre para prescrições médicas. No Brasil, 70% destas apresentam potencial para gerar erros de acordo com o Organização Mundial da Saúde. Como consequência, o país tem milhares de mortes por ano ligadas a erros de medicação. Muitas  delas poderiam ser evitadas pela digitalização de receitas médicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 77% das prescrições já são feitas no meio digital.

 

Certamente, startups de saúde no Brasil têm representado um setor a ser observado. Ainda estamos apenas na ponta do iceberg em relação aos problemas no setor de saúde para trazer inovações de tecnologia. Os ingredientes-chave para criar outro boom empreendedor como no setor financeiro são abundantes. Tecnologia em saúde no Brasil vai, com certeza, continuar sendo um setor quente para empreendedores, e nos investidores que acreditam neles, por muitos anos a frente.

Manoel Lemos é sócio administrador da Redpoint eventures, o braço focado no Brasil da Redpoint, firma de capital do Vale do Silício.

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